Lucas caminhou quase 30 minutos a pé. Triste ainda passou com seu triciclo, ofereceu carona, mas ele estava decidido. Precisava caminhar sozinho para mentalizar seu plano e conseguir depois provar para os amigos e família que isso tudo era real, apesar de parecer surreal. Avistou o hotel e lembrou do dia que se perdeu do Urso e entrou por uma porta que quase não voltou. Hoje, tinha consciência de que esse mundo era um pouco confuso e perigoso. Virou a esquerda e depois a primeira direita, olhou a casinha vermelha, fechou os olhos, respirou fundo e entrou.
- Bom dia, menino loiro – falou a bruxinha
- Bom dia, a senhora deve ser a bruxinha das bombas de chocolate – falou Lucas
- Souuuuuu eu mesma – retrucou gargalhando
- Sou amigo do Urso. Ele pediu para eu vir aqui buscar as bombas de chocolate.
- Hummmm. Você quer as bombas de chocolate mesmo?
- Quero!
- Já experimentou?
- Não, mas o Urso me disse que são as melhores.
- Curioso.
- Por quê? Não são as melhores?
- Claro que são, menino. O curioso aqui, é você! O que você quer realmente?
- As bombas.
- E se eu te disser que seu coração pede por outra coisa?
Lucas engole seco. Continua olhando para a bruxa, fecha os olhos e gagueja:
- Uma máquina fo-to-grá-fi-ca.
- Máquina fo-to-grá-fi-ca?????????????? pergunta com espanto
- É. Uma máquina fotográfica. Ia me ajudar muito.
- E o que seria uma máquina fotográfica?
- Você nunca viu uma máquina fotográfica?
- Não! Que tipo de máquina seria?
- Ué. Dessas que você aperta o botão e registra isso daqui!!!!– fala o menino apontando para as bombas de chocolate que estão no balcão.
- Uma máquina que registra as minhas BOMBAS DE CHOCOLATE??? Grita a bruxinha
- Nãããããããããããããão – retruca Lucas
- Mas que tipo de espécie é você? Um mago? Um bruxo? – pergunta ela desesperada
- Não senhora, sou do planeta Terra, onde máquina fotográfica é a coisa mais normal do mundo.
- Mas só se for no mundo de vocês! Normal ter uma máquina que registra bombas de chocolate??? E no mundo de vocês tem bombas de chocolate assim?
Lucas respira fundo, sabia que essa conversa não levaria a lugar nenhum. Nem ela poderia ajudá-lo.
- Olha bruxinha, faz o seguinte, embrulha 10 bombas de chocolate para o Urso, já vi que voce não poderá me ajudar com a maldita máquina fotográfica.
- De jeito nenhum!
- A senhora vai me ajudar?
- Não, claro que não.
- Hhummff. Quanto custa 10 bombas de chocolate, por favor?
- Não custa.
- A senhora faz de graça?
- Não, eu cobro. Mas não vou vendê-las para você.
- Não é pra mim, é pra o Urso!
- Ah tá. Então que o Urso venha buscar, proque em você eu não confio.
- Mas que idiotice. Acha que vou fazer o que com suas bombas? Eu vou conseguir uma máquina fotográfica e virei aqui para ate mostrar como você não entende nada da vida.
- Como eu não entendo nada da vida?
- Não entende, acho que sou um mago – fala ele rindo
- É esse seu pedido para o imperador?
- Uma máquina fotográfica? Pergunta ele espantado
- É!
- Não!
- Pois deveria ser, porque só assim você terá como provar. Aqui não tem máquina fotográfica.
- Já entendi. Ninguém pode me ajudar. Tem certeza que não quer vender as bombas? Terei que achar outro lugar para comprar para o Urso.
- Tenho! – responde a bruxinha
Lucas abaixa a cabeça, caminha para a porta da casinha um pouco triste, agora teria que percorrer o país inteiro para comprar as bombas de chocolate. E se o Urso reclamasse que não seriam as mesmas? Lucas dá meia e volta e fala:
- Não posso sair daqui sem experimentar a melhor bomba de chocolate!
- Não mesmo! Retruca ela.
- Então eu quero uma.
- Pode escolher, qualquer uma do balcão.
O menino nem para para pensar, vai direto na bomba coberta de chocolate com amendoim picado, sente o cheiro, fecha os olhos e morde a bomba.
- hummmmmmmmmmm
- Gostou, foi?
- Hummmmmmmmmmmmmmm. Com a boca cheia ainda tenta dizer: o Urso tinha razão. Terei que levar isso daqui para a minha mãe!
A bruxa apenas sorri e em menos de 5 segundos, lucas cai no chão desacordado.